segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Como nao pegar uma pseudo boliviana

1- Deixe-a virando drinks, e nao perceba isso
2- Ensine-a a dançar forró, aguarre-a bem na cintura, e pra terminar vá ao banheiro
3- No auge da pilha dela, vá conversar em outra lingua.
4-Saiba que ela é fácil e ainda assim, proponha um romântico jogo de xadrez
5- Espero que o título esteja errado, beijos!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Entre irmãos

Primeiramente gostaria de afirmar o quanto o Studio Line é melhor que as outras boates do circuito alternativo. Não sei se eles estão se esforçando por serem novos no pedaço, mas duvido que uma ruga de preocupação não tenha brotado na testa do Grupo Matriz.

Em segundo lugar, por mais que o ar condicionado fosse bem tranqüilo, estou cada vez mais inclinado a acreditar na impossibilidade de não morrer de calor nessas festinhas. E olha que ontem nem estava cinqüenta graus! Mas o fato é que morria de calor, suava bicas.

Estava tão quente que cogitei a hipótese de ir embora prematuramente, deixando para trás a menina mais bonita – na acepção mais ampla do termo - que já cruzou o meu caminho. Não o fiz, mas prometi a mim mesmo e a ela que daria o melhor mergulho da história quando chegasse à minha piscina.

Era quase seis da manhã quando desci vestindo nada além de uma toalha, um headphone daqueles que anulam o barulho externo e um hatch (é assim que se escreve?) na boca. Não sei se vocês já tiveram a oportunidade de colocar nos ouvidos esse aparelho mágico, mas ele de fato corta todo o som ambiente. Vai ver por isso não ouvi ruídos inconfundíveis vindo da mesa de sinuca.

Estava em frente à piscina, pronto para me mostrar da forma em que eu vim ao mundo quando, subitamente, vi de relance um rosto atônito, surpreso com a minha presença, espiar da área onde a sinuca se encontra. Inconsciente da minha nudez, caminhei até lá, temeroso que um ladrão houvesse invadido a minha casa ou que eu estivesse alucinando.

Quando entendi o que estava acontecendo, confesso não ter ficado muito constrangido. Pelo menos fiquei bem menos desconcertado do que meu irmão. Mas, para ser sincero, não sei quem estava na situação mais comprometedora, ele e uma mulher, botando apressadamente suas respectivas roupas, ou eu, cuja nudez se escondia unicamente atrás de um baseado.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A vesga

Quem jamais foi ao Empório nunca teve catorze anos. E tenho o dito. Este lugar de iniciação da vida social de tantos jovens cariocas ditos alternativos - relego a alternatividade àqueles que não se iniciaram nas matinês da Prelude pegando mulheres pelos cabelos – abriga também as mais diversas criaturas. Eu poderia apostar, inclusive, que as tavernas cheias de orcs, goblins, hobbits e elfos imaginadas por Tolkien apresentam menos diversidade. Pelo menos eles são todos da Terra Média!

Piadas nerd à parte, freqüentam o bar em Ipanema pessoas de todas as classes sociais, origens distintas e motivações desconhecidas, muitas vezes surpreendentes. Já as minhas amigas que me chamaram para esta aventura nostálgica, por outro lado, tinham objetivos bastante claros. Gringos. Ainda que uma delas só quisesse brigar com os que não acreditassem que ela era a reencarnação do Freddie Mercury, e outra se divertisse em mostrar os bairros do Rio para um indiano criado no Malauí, elas estavam lá por eles e para eles.

Sentado em um canteiro em frente a esta Arca de Noé, alterado o suficiente para não me importar com o rumo decadente que meu fim de semana havia tomado, ouvi, perto demais do meu ouvido, “nãnãnã atleta?”, “oi?”, “você é atleta, gato?”. Sou incapaz de dizer com precisão o que mais chamava a atenção naquela cena, a frase ou a mulher de meia idade que havia brotado da terra ao meu lado.

Ela continuou, com os seus cabelos que me lembravam vagamente um espanador de pó velho da minha casa. “Eu trabalho com energia, sou numeróloga, astróloga, faço Feng Shui, qual o seu signo? Peixes? AAAAH, piscianos são tão carinhosos, que gostosoooo! Em que ano você nasceu?”. Apesar do calor desértico dos últimos tempos, uma gota de suor frio escorreu pelo meu rosto quando ela botou a mão sobre o meu joelho e respondi, “1991”.

“Ai que deliciaaaa! Você é deliciosoooo!”, uma segunda gota de suor escorria na medida em que a mão dela descia à minha coxa. A situação estava ficando crítica, não queria perder essa história, mas começava a temer pela minha integridade física. Tentei mudar o rumo da conversa. “E você, quantos anos tem? Sério, tudo isso, não parece! Diria que você tem no máximo, cof cof, trinta...”. Seus olhinhos vesgos se encheram de alegria ao som dessas palavras e sua boca, um pouco torta, anunciou, “tenho um sobrinho da sua idade! Eu que o ensinei a botar camisinha! HAHAhahAhaHAhaHA”

A sua gargalhada maníaca me assustou menos do que a sua mão escalando, cada vez mais ousada, a minha coxa. “Abortar missão”, pensei. Fingi um bocejo e disse, “que sono bateu agora, acho que vou pra...”, “AAAAI, eu sou muito lentaaaa! Se eu fosse como as minhas amigas eu já tinha te levado pra casa! Você não ia ter como resistir, duvidaaaa? Você deve ser muito bom no...

O seu tom de ameaça foi definitivo. Eu estava perdido. Nesta exata hora uma voz bem mais doce e agradável, lembrando a de certo vocalista do Queen, sussurrou no meu ouvido, “Tepedino, sai daí, essa mulher é vesga!”, “...sexoooo!”, completou a minha nova amiga.

Levantei em um pulo, com o braço erguido para um taxi que passava. Antes que a mulher pudesse pensar duas vezes, eu já estava a meio caminho de casa, agradecendo a Deus por jogar no meu colo esse presente. Quem disse que Ele dá nozes a quem não tem dentes?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Charme de Vanguarda

Foi-se o tempo em que bastava ao Marlon Brando direcionar seu olhar penetrante a uma moça para que ela se apaixonasse descabeladamente. O Clint Eastwood do Século XXI, ao baforar com superioridade a fumaça de seu cigarro de palha no rosto da mulher, conseguiria no máximo, e com muita sorte, um aviso pouco amigável informando que fumantes passivos estão tão expostos ao câncer quanto aqueles que fumam.

Possivelmente estou errado em relação a esses dois galãs das antigas. Além de charmosos, eles também eram considerados extraordinariamente bonitos, e provavelmente conseguiriam se arranjar de uma forma ou de outra. Por outro lado, o mesmo não se aplica à versão tupiniquim do bad ass galanteador. O José Mayer, me desculpem as senhorinhas que discordam, definitivamente não é um cara bonito.

No entanto, o rapaz é um garanhão de primeira linha. Faz uns 30 anos que ele vem pegando sucessivas gerações de mocinhas globais, sem que o tempo o impeça de bem suceder. Mas a modernidade também afetou o seu desempenho. Nos anos 90, Mayer limpava estrume no Jóquei Clube e, ainda assim, conseguia comer a Helena nas estrebarias. Hoje, para conseguir um mero beijo da mesma, ele precisa ter um avião, um helicóptero, carros importados, uma rede de hotéis...

O meu ponto é que as mulheres da atualidade não se contentam com o charme convencional que arrancaria suspiros de suas avós. Elas querem algo a mais! Algo que, garanto, os homens não fazem ideia e, aposto, elas tampouco. Ainda assim, cabe aos integrantes do sexo masculino buscar soluções inovadoras para cativá-las.

Pude presenciar um dos expoentes desse movimento de vanguarda na noite carioca. Quem já teve o prazer de ir à Casa da Matriz pôde notar a existência de duas máquinas Atari no andar de cima. Apoiado sobre o Pac Man , um rapaz flertava de forma convencional com uma moça bem bonitinha, que parecia pouco disposta a ceder aos seus encantos.

Me distraí e quando olhei novamente o rapaz havia puxado sua cartola e tirava um coelho do seu interior! Ok, isso é uma mentira deslavada, a mágica era bem menos impressionante do que essa. Mas ainda assim, ele estava fazendo uma mágica! Para convencer uma garota a beijá-lo!

Resolvi dar uma volta após testemunhar uma das situações mais bizarras da minha vida, acreditando que nada mais, até o meu último dia de vida, me impressionaria. Que inocência da minha parte. Ao me aproximar do fliper mais uma vez, comecei a escutar a inconfundível voz do Sílvio Santos! Temeroso que os gases tóxicos da Matriz houvessem finalmente fundido meu cérebro, me aproximei do Pac Man. Adivinhem, para meu alívio e espanto, quem estava imitando o apresentador para a mesma garota bonitinha?

Confesso, com pesar, não ter ficado até o final da investida do nosso personagem para saber se ela teve um final feliz. Mas, convenhamos, o rapaz tem o seu mérito pelo desenvolvimento de técnicas pioneiras em pegar mulher.